A influência nos negócios

A empresária e influenciadora Isabela Matte fala sobre a carreira de influenciador como marca e a tendência da união entre a criação de conteúdo

Por Giovana Oréfice

Empresária e influenciadora digital, Isabela Matte iniciou sua trajetória no empreendedorismo ainda muito jovem. A marca de moda que leva seu nome e nasceu como uma empresa familiar, hoje acumula mais de cem mil seguidores e, junto à sua atuação nas plataformas digitais, rendeu à influencer a marca do seu primeiro milhão atingido. Aos 22 anos, Isabela foi apontada como um dos nomes na lista da Forbes Under 30 e alia a criação de conteúdo para suas redes pessoais, em que conta com um público de mais de 700 mil seguidores, entre Instagram e TikTok, e sua atuação na companhia. Atualmente, ela também se dedica a um curso de marketing digital, que ajuda empreendedores a fomentar negócios por meio da internet sob o conceito de “marketing de conexão”. Ao Meio & Mensagem, Isabela falou sobre a carreira de influenciador como marca e a tendência da união entre a criação de conteúdo e o mundo dos negócios.

Isabela Matte (Crédito: Divulgação)

Meio & Mensagem – Você iniciou Isabela Matte Store aos 12 anos. O que evoluiu de lá para cá, principalmente com a ascensão das redes sociais?

Isabela – Tudo mudou. Começamos em 2011 e o Instagram foi lançado em 2012. O meu jeito de vender era através das pessoas próximas e, como eu não tinha a loja virtual – que lancei só em 2012 – era tudo no boca a boca. O meu nível de impacto de pessoas que poderiam comprar era o meu ciclo social. O meu poder de divulgação era esse, já que eu não tinha dinheiro para publicidade e não tinha patrocinados no Instagram. O que eu tinha para fazer era ter uma experiência do usuário, um atendimento maravilhoso, peças que fossem diferentes e que uma amiga fosse indicando para outra. A estratégia ainda funciona, mas era meio arcaica. Falando de tráfego pago, principalmente, você dá uma pesquisada, faz uma segmentação boa de público e atinge o Brasil inteiro. Para mim, essa mudança de conseguir atingir as pessoas por um valor muito mais baixo é muito revolucionário, e as pessoas às vezes não dão o devido valor para isso. É revolucionário conseguir atingir uma pessoa que está no celular durante oito horas por dia com uma foto ou um vídeo. Percebo que abriu um novo horizonte para meninas que têm o sonho de empreender ou mulheres que perderam o emprego na pandemia, por exemplo O alcance de pessoas você consegue no Brasil inteiro, você consegue consolidar uma imagem da marca. Não é mais só o produto, você consolida uma imagem e cria uma marca que é uma amiga das pessoas através das redes sociais.

M&M – Você prega muito o empoderamento das mulheres e reforça a imagem de girl boss. Como a criação de uma comunidade ajuda a fortalecer a presença feminina nos negócios?

Isabela – Eu vim do empreendedorismo e, a partir da experiência desses onze anos – esse ano faz dois anos que eu ministro cursos online – eu comecei a ensinar. A partir do momento que eu comecei a ensinar, comecei a estudar muito mais e analisar realmente o que que sempre deu certo, não só falando de negócios. O ser humano é sobre conexão, sobre aprender a se conectar com o outro. Um bom vendedor entende gente como convencer. Então, um bom relacionamento é aprender a se conectar com essa outra pessoa uma vez. É uma via de mão dupla: você dá, você recebe; você ouve, você fala. Para mim, a chave do que faz uma comunidade ser engajada ou não, do que faz o seu negócio ser preferência para um cliente ou não, é o nível de conexão que ele tem. Todos os pontos de contato da marca trazem uma conexão maior. O meu público já tem mais de cinco mil alunas, são mais de cinco mil mulheres que estão se capacitando para tornarem os seus negócios mais lucrativos. Eu não vendo técnica para ficar famosa na rede social, eu vendo liberdade e de escolha.

M&M – Atualmente muito se fala sobre a diferença entre influenciador digital e criador de conteúdo. Como você encara essa diferenciação? Ela tem impacto quando é envolvida no empreendedorismo?

Isabela – Acredito que essa é uma forma de tentar diminuir, banalizar o trabalho dos influenciadores. Conteúdo é conteúdo. Existem tipos e vertentes, e objetivos diferentes para cada tipo de conteúdo. Existem várias influenciadoras que mostram o dia a dia. É um tipo de conteúdo, porque tem gente que consome. Pode converter menos e trazer menos reconhecimento e autoridade? Pode, e provavelmente é isso o que acontece. Tem influenciadoras que não são empreendedoras e só querem ser famosas. Ser famoso não é sinônimo de empreender e de ganhar dinheiro. Cada vez mais nesse mundo de marketing digital, vejo que tem gente com 5 mil seguidores fazendo milhões por ano, e gente com milhões de seguidores que não consegue pagar um aluguel. É sobre ter a capacidade de você se conectar, e nessa conexão, usar técnicas para atingir o seu objetivo e ter uma identidade forte.

M&M – Os influenciadores por si só já são uma marca, uma vez que associam as imagens ao próprio nome. Como o marketing digital pode ser aplicado para ampliar esse contexto?

Isabela – Em aumentar essa consciência dos influenciadores de que eles são uma marca, a maioria nem sabe disso. Quando você pensa em marca, você pensa em diretrizes, tem o que pode ou não falar, tem gestão de crise. Existem influenciadores que falam o que querem, na hora que querem e emitem a opinião que querem doa o que doer. Uma marca passa por outras pessoas pra fazer isso. Quando você tem a noção de marca, você pensa: que imagem eu quero construir, para qual objetivo? O seu objetivo tem que ser como você vai ser vista. Aí é possível ditar o tipo de conteúdo que você vai ter e as marcas que você vai trabalhar junto, porque elas vão se interessar se você tiver esse posicionamento e imagem consolidados. Muitas influenciadoras não pensam que não é só post no Instagram. Elas podem fazer participação em eventos, palestras, entrevistas, ter uma coluna em um meio de comunicação, uma coleção em parceria com uma marca. É preciso representar algo, e falta isso nas influenciadoras.

M&M – Cada vez mais influencers estão criando marcas próprias ou colaborações com marcas, você enxerga isso como uma tendência?

Isabela – Muitas vezes, a tendência é de que a marca não vá para frente, porque a ideia de ter uma marca é muito diferente de ter uma marca. Eu estou nessa há dez anos porque eu vim da marca e me tornei influenciadora depois. Eu acredito que o melhor caminho para as influenciadoras é o de fazer parcerias com outras marcas e o licenciamento de produtos, porque o know how de ter um negócio: produção, o financeiro, estoque, logística, gestão de pessoas, contabilidade e todas essas coisas, são difíceis de dar conta. É preciso ter uma noção de administração de empresas e de que você vai mudar totalmente a sua rotina, porque você vai ter que dedicar horas e horas para esse trabalho pelo menos durante os primeiros cinco anos.

M&M – As plataformas estão ferramentas para a comercialização de produtos, como acontece no Instagram e Facebook. Como isso fomenta os negócios tanto no ambiente online, quanto no off-line?

Isabela – O objetivo das redes sociais é que você passe cada vez mais tempo nelas. Quando elas criam um recurso de loja ou outros, é para que você crie o seu próprio mundo ali. Não é à toa que o Facebook está lançando o metaverso deles. Esse recurso de loja serve para que a pessoa não precise nem sair da plataforma para conseguir realizar a compra. Mas eu não sou muito a favor de fazer uma loja apenas no Instagram. Eu acho que precisa ter um e-commerce, porque, nas plataformas, você não tem a análise de métricas completas, não consegue fazer integração com vários meios de pagamento, meios de envio, e ter aquela credibilidade que um site tem. São tantas coisas que são importantes no e-commerce e que não tem nesses recursos. Acho que deve haver a integração para unificar tudo.

Crédito da imagem no topo: Optimarc/Shutterstock

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